segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pro Resto Da Vida

Faz assim,
pega o primeiro voo que aparecer
eu dou um jeito e parcelo em mil vezes
um empréstimo com alguém
para pagar o resto da passagem
que você não tiver o dinheiro.
Apenas para te ter comigo
essa noite.

Não que eu esteja mal,
ou esteja tão só,
quero te olhar
profundamente.
Poder sorrir com o teu sorriso,
suspirar de alívio
por você estar aqui.
Para eu poder te observar dormir
e quase me empurrar da cama de solteiro
enquanto eu faço isso.
Poder acordar amanhã
e te arrastar para a minha aula,
mesmo que você pudesse ficar dormindo.
Apenas para te ter comigo
essa manhã.

E matar essa vontade do teu beijo,
suave e apaixonado,
no meu feroz e
apaixonado também.
Te arrancar a pele para guardar de lembrança,
me permitir essa memória específica do teu toque.
Porque eu nunca pararia de falar de você,
e do quanto te quero todo dia
e como não consigo te largar mais
e como quero te descrever fielmente,
pedaço por pedaço.
Por isso quero te olhar em todas as perspectivas,
e para isso preciso de tempo.
Essa é a minha desculpa mais bonita.
Apenas para te ter comigo
pro resto da vida.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Entrelinhas

Da próxima vez
presto mais atenção no que peço pro
universo.
Não imploro por sentimentos sem deixar claro
que deve ser recíproco
e deve durar um tempo mínimo
e não deve restar dúvidas de que é verdadeiro.
Vou tomar cuidado
quando quiser me livrar também,
para não me esvaziar demais
e murchar tanto quanto estou
agora.
Dessa vez,
por enquanto,
vou seguir de novo com a maré,
deixar que as tempestades cheguem,
pra ver se me levam mais rápido
para a terra firme.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Rebobina de Novo

Cada gesto, cada riso,
é tudo imitação.
É tudo inspiração
pra ver se aprende a ser normal.
Não há nada criativo,
não há nada de agradável.
Causa pena?
Que pena!
Não é esse o objetivo.
Mas quando as pessoas olham
apenas para as primeiras camadas
e
esquecem de começar a olhar
primeiro por
dentro,
não há autenticidade mais brilhante
que possa ser percebida.

Trago o teu traço fraco
gravado na pele,
mas ele logo me abandona.
Tudo logo me abandona,
nada mais a fazer.
Melhor partir em direção
a um novo começo.
Adeus!

É um péssimo dia,
então não o chame por bom.
Minha dose não contada
não me fez perder a consciência noite passada
e eu só fui dormir
quando meus olhos já ardiam demais
para continuar chorando.

Disseram a ele:
"não viva de arte,
pois a beleza da tua arte vem da tristeza
e isso vai fazer sua vida triste também."
Mas nenhum de nós ligou.
Pois, afinal,
nossa vida já era triste assim mesmo,
sem arte.
Então melhor triste com ela do que sem ela.

E eu ainda passava um dia ou outro
me perguntando
quando eu poderia acordar e lidar
com os sentimentos ruins
de forma tranquila
e tudo sempre ficaria bem.
Quando eu me tornaria de vez
alguém mais positivo.

Rebobina.

E eu ainda passava um dia ou outro
me perguntando
quando eu deixaria de querer a presença dos outros
na minha vida,
de querer meu coração preenchido por carinho, ternura e
amor.
Quando eu não ligaria mais mesmo para nada
e
me tornaria de vez
a pessoa mais fria do mundo.

Rebobina.

E eu ainda passava um dia ou outro
me perguntando...

terça-feira, 9 de abril de 2013

Passos dos Contos Infantis

Não sentia vontade de me envolver
nas fitas vermelhas e brancas
que circulavam a visão de um espaço distante
que guardava o grito dos corpos.
Mas por estar só
eu
me envolvia.
Pois haviam retirado de mim
minhas vontades,
meus prazeres,
minha confiança em meus dons,
e então eu era inútil,
pessoa desnecessária,
e não traria vantagens para
ninguém.
Eu me rodopiava em minha agonia,
das horas marcadas em minhas expressões,
envelhecia anos a cada segundo.
Eu previa o meu futuro
igual ao meu presente,
e o cubículo assassino no qual eu me encontrava
fazia eu me perder em
desespero.
Cada lágrima que descia suja
trazia as marcas vivas
de cicatrizes latejantes do
passado.
Eu me via
no espelho da loucura.
Eu era
o reflexo
da solidão.
Sem proteção,
sem salvadores,
sem conselheiros,
sem companheiros.
Cada frase crescente apenas me diria
que era meu costume de nascença
ser
triste.
E no outro dia,
quando eu continuasse piorando como uma doença,
não haveria cavaleiros com espadas
e seus saltos mortais
além dos que eram apenas
capazes de proteger a minha mente,
mas não o meu
coração.
Só quando eu recuperasse o meu caminho
e cada tijolo amarelo asfaltado
estivesse no lugar,
eu poderia respirar o ar
da natureza à qual me curvo.
Que ela me traga a sabedoria
para ser livre do mundo,
e assim ser
feliz.

sábado, 30 de março de 2013

Playlist

Tudo começa quando acordo,
trago um novo respiro,
fecho os olhos novamente
e, então, sorrio.
Ao levantar da cama,
me livrar do gosto de sono
na boca.
Nesse momento de mente limpa,
se mantém certa pureza.
Todos os pensamentos esquecidos,
os ensinamentos adormecidos,
e não consigo lembrar dos meus sonhos.
Sonhei com alguém que tinha quatro bundas,
disso me recordo com clareza.
Algo tão assim...
diferente.
E no meu questionamento,
entre as mensagens com o vazio,
fui me perdendo no espaço,
nos dias,
nas horas de Bete Balanço,
para incluir um pouco de música
no meu momento de inspiração.
Nesse perder de dias,
perdi a sensibilidade.
Minha língua dormente,
acompanha a dormência do meu corpo
por completo
- todos os órgãos -
e da minha mente.
E então meus olhos imploram lágrimas,
para que eu lembre que eles existem,
para que eu lembre que eu existo.
E seguindo a sequência,
eu também me coloco a pedir Piedade.
Pois,
mesmo que eu não seja careta,
vez ou outra sou covarde
também.

Um Dia

Tão comum é se perder
dentro do próprio coração,
esquecer as frases de sentimentos
efêmeros.
Do dia de acordar feliz,
acordar em paz.
Da noite de dormir só,
chorar.
Chorar pelo desconhecido,
o que é incompreendido.
Viajo em pensamentos confusos,
repletos de condições,
inconstantes.

terça-feira, 26 de março de 2013

Quando Os Dois Se Desencontram

E o primeiro disse: "Foi inusitado perceber o que ela sentia por mim. Estranho receber aquelas poesias como declaração. Eu não disse nada, eu não queria dizer nada, eu não precisava dizer nada. Eu apenas ignorei tudo aquilo por nunca poder olhá-la daquela forma. Eu imagino que ela tenha sofrido, mas não há nada que eu pudesse fazer. Eu mal a conhecia. E eu não tinha essa obrigação. Hoje?Não me lembro mais dela, e não me interessa saber se ela se lembra de mim."
E o terceiro disse: "Não havia nada mais a ser dito, mas, mesmo assim ela esperava uma resposta. Todos os dias, ela olhava para mim e eu não a via, eu não lembrava mais que ela existia. Continuo não me lembrando mais. Mas ela me dava apenas um pouco mais de importância do que eu dava. Só que eu não dava nenhuma. Ela gostava de mim e poderia ter gostado muito mais se eu tivesse gostado dela também, e se conseguisse gostar só dela. Esse é o meu jeito de viver, de seguir e sentir os momentos que são passageiros, são brisas de flor ou brisa que traz o cheiro de esgoto."
E o segundo disse: "Eu a amei de uma forma que nunca soube explicar. Difícil entender como aquela aparente arrogância pôde me seduzir. Eu tive certo receio de falar qualquer coisa, até mesmo de me aproximar. Não sabia como ela reagiria, não sabia o que ela me diria, não queria lidar com a rejeição. Quando cruzei com ela e, em um ímpeto de loucura, decidi chamá-la, começamos a conversar e eu tentava não revelar nada, mas ela já tinha entendido e me conduzia a dizer. Então eu disse, querendo fechar os olhos e tapar meus ouvidos para o 'Não' que esperava dela. Mas ela me disse que sim, e em um dia qualquer para ela - que foi um dia que nunca esqueci - eu a tive por meio tempo. Sem que eu pudesse esperar, ela simplesmente me afastou e eu não soube o que dizer, o que fazer. Achava que tinha feito algo errado, mas ela disse que não. Eu não sabia que era porque ela amava outro. Mas ela me disse que nunca mais poderíamos ter nada. Eu a amei, e não sei se algum dia poderei esquecê-la."
E o quarto disse: "Eu a conheci em um show meu, a vi lá de cima do palco e não conseguia parar de olhá-la. Ela estava com algumas pessoas que conhecia, então aproveitei para falar com ela. Ela nem se lembrava de mim quando a vi de novo, e nem imaginava que a veria de novo. Mas eu me lembrava dela e eu a queria da mesma forma que naquela dia. Quando começamos a nos aproximar, ver-nos quase todo dia, meu peito se encheu de prazer e bem estar, eu não poderia estar mais feliz, mesmo que ela me dissesse repetidas vezes que estava em um relacionamento complicado. Ela sabia o que eu sentia, as minhas indiretas haviam sido bem diretas e eu sabia disso. O dia em que ela saiu daquele relacionamento complicado e se abriu para mim foi realmente marcante, nada poderia ser melhor naquele momento. Nada poderia ser melhor do que aqueles dias, poucos dias, que tive com ela. Poucos. Porque ela me disse que não poderíamos ter mais nada, que ela não conseguia sentir nada por mim. Perguntei dos meus erros, se poderia corrigi-los, mas ela disse que o melhor era realmente sermos amigos. Amigos. Todo mundo sabe onde isso termina. Cada um em seu canto, sem nunca mais nos vermos, sem nunca mais nos falarmos. Sem nunca mais. Eu gostava dela e eu poderia ter dado tudo aquilo que ela sonha, tudo que deseja no homem que estiver do seu lado. Mas ela não gostava de mim, ela simplesmente não conseguia, não podia. Ela não queria me enganar nem se enganar. E, mesmo com o tempo que já passou, ainda guardo uma certa inconformidade com isso. Não queria perdê-la."
E o enésimo, o ser desconhecido, disse: "Não, não a conheço ainda. Ou talvez sim. Eu não a percebi ainda, ela ainda não me percebeu. Talvez o momento de nos encontrarmos demore. Mas eu espero por ela, espero que ela goste de mim assim como sei que vou gostar dela. Espero que ninguém a impeça de chegar até mim. Espero que ela não desista no meio do caminho, porque não desistirei dela. Enquanto não estiver com ela, não vou me satisfazer. Talvez ela possa conseguir viver feliz sem mim, mas eu não consigo. Eu tenho tudo o que ela pode esperar de mim. Não sou convencido, apenas sei disso. Sei ser paciente, mas espero todos os dias que ela não demore."
Ela disse, então: "As minhas falas começam com o não. O 'não amo ninguém', 'não quero ninguém agora', 'não quero correr o risco de sofrer de novo'. Reconheço a minha estupidez, todo esse tempo, quando poderia ter sido feliz e não fui. Eu só não conseguiria me forçar a amar ninguém. Sou do tipo que ama demais, mas não escolho quem amo, apenas escolho quem não amo... vez ou outra. Tenho estado bem assim, aprendi a lidar com o fato de estar sozinha e não deposito mais a minha felicidade em ninguém. Aos poucos, eu a tenho conquistado sem precisar de ajuda. Mas é inevitável. Em um momento de uma noite inesperada, quando ninguém parece estar ali para me escutar, eu sinto falta do abraço que me conforte, que me traga um pouco de paz e de amor. Poderiam dizer que tudo isso foi minha culpa, por muito tempo me culpei por cada detalhe, cada acontecimento. Mas aprendi que a vida segue o seu curso, eu apenas tenho que deixá-la seguir e seguir."